quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Aprender a aprender (sozinho)

Nunca antes na história deste país foi tão premente conduzir uma educação autodidata. Por quê? Porque o cenário da educação pública descamba sem mesmo ter se endireitado e a educação privada sempre estará preocupada em agradar os clientes.


Após a estreia de Dois Irmãos, baseada no livro homônimo de Milton Hatoun, ferveu no Twitter a tag da minissérie com comentários elogiosos, porém seguidos de "mas não entendi nada". Ou seja, algo, alguém ou até mesmo tudo falhou. Diante de tal cenário, é óbvio, o estabelecido não vem alcançando o que deveria, somos cada vez mais alienados, superficiais e analfabetos funcionais.

É um momento adequadíssimo para investir em uma educação autodidata, assumir os ônus e os bônus de aprender sozinho. Por dezenove anos sofri em instituições educacionais que não me interessavam, cercado de pessoas que me hostilizavam e prejudicavam meu desenvolvimento. Agora tenho uma certeza, não porei mais a minha bundinha em um banco escolar. Eu sou o dono da minha educação. Por profissão e curiosidade, aprender diariamente é rotina, no entanto, a forma mudou e me tornou mais feliz. Eu faço meus horários, decido quem serão os professores, que vão desde um doutor em linguística de Yale a um perfil espiritualista no Instagram, controlo o que é importante para dedicar tempo naquele momento, com quem falar, etc. 

A liberdade assusta, fomos educados a depender de outra pessoa e a estarmos presos à regras, horários, espaços. Aí vem o exercício da disciplina, também ausente da escola, mas, por sorte, presente na minha educação artística. Exceto pela interferência gentil dos vizinhos, em geral consigo determinar um tempo ou conteúdo a vivenciar e cumpri-lo. 

Mais do que aprender a aprender, a educação autodidata nos põe em contato com nosso eu interior, que é quem determina nossos horários de trabalho e sono, fome e ócio. Qual o melhor horário para dormir, estudar, produzir? E para não fazer nada? As respostas darão o caminho a seguir, sozinho. 

Como consequência, aprende-se a ser, ou não, quem sabe aprender a ser seja premissa para se aventurar em aprender a aprender. Os mestres inevitavelmente surgem aqui e ali, escute-os, mas não se apegue, os mestres de hoje em dia são muito contaminados, os discursos devem muito a muita gente, filtre o que lhe importa e siga em frente. 




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